O padrão do discipulado.
O propósito de Deus – Romanos 8:29, o propósito eterno de Deus é ter uma família numerosa, com muitos filhos iguais a Jesus. Em Jo 1.14, vemos Jesus ser colocado como o unigênito, ou seja, o único filho do Pai. Em romanos, no entanto, Ele é colocado como primogênito; em outras palavras, o primeiro filho. Deus, pela cruz, conquistou toda a humanidade para si, e qualquer homem hoje pode se tornar um filho de Deus.
No texto de Romanos, vemos que Deus deseja muitos filhos. Porém, Ele estabelece um padrão: eles devem ser idênticos a Jesus. Jesus é o nosso padrão. Pelo menos em posição espiritual, todos nós somos vistos por Deus, como perfeitos em Cristo.
Para esse fim, Deus constituiu os ministérios em sua casa para cooperar com o Espírito Santo, conduzindo seus filhos à estatura de Cristo. Vemos, portanto, que os ministérios foram estabelecidos com um fim específico, uma tarefa designada para encaixar os filhos de Deus em vínculos de discipulado, cooperando com o seu crescimento.
O projeto de Deus – Como vimos, o projeto de Deus é ter filhos como Jesus e os ministérios são constituídos para essa finalidade de levar os santos à maturidade. A intenção de Deus é formar as vidas. Formar é mais do que ensinar algumas verdades. Formar é dar forma a uma matéria ainda informe, é pegar o barro e formar um vaso. As igrejas atuais sofrem com a falta de objetivo dos trabalhos realizados, isso se dá pela motivação errada, pois muitas das atividades da Igreja são apenas para distrair a congregação, além de líderes com fraca realidade de vida espiritual. Qualquer obra feita sem a intenção de formar o povo de Deus, levando-o a se assemelhar a Jesus, é uma tremenda perda de tempo.
Todo projeto é caracterizado por um construtor e uma planta. Sabemos que os líderes são os executores da planta que Deus nos tem dado, a nossa visão como Igreja, e Deus que levanta os construtores.
O modelo de Deus – Para se executar a vontade de Deus de maneira plena, é fundamental que se conheça o Seu modelo profundamente. O modelo de Deus é Cristo (1 Pe 2.221). Precisamos das revelações do Espírito Santo em nós através de experiências práticas. Eu não posso levar ninguém a lugares que ainda não fui, para formar, eu preciso, então, conhecer profundamente o modelo que vou usar.
É nesse ponto que entra o princípio do discipulado. Não existe nem um meio eficaz que nos permita formar vidas se não o discipulado. Formar exatamente conforme a imagem de Cristo. Somente no contato pessoal é que pode existir uma formação cristã adequada.
O método de Deus – Chegar à maturidade é verdadeiramente o nosso “alvo”. O nosso padrão é Jesus, e discípular é passar vida e vida de Cristo. É transmitir para outrem o mesmo nível de maturidade que se tem em Deus – não mais que isso. Mas se pensarmos que ninguém jamais alcançou o padrão de maturidade de Jesus, o discipulado se torna uma utopia, o que não é verdade, uma vez que seria incoerente Deus exigir algo de seus líderes impossível de ser alcançado.
O próprio apóstolo Paulo se coloca como exemplo a ser imitado (1 Cor 11:1). Podemos dizer então que Paulo se parecia com Jesus, já que ele disse que sua função era levar o povo à postura de Cristo. Contudo, Paulo continuava sendo homem, sujeito aos mesmos pecados comuns a todos nós.
Observamos que o método de Paulo era levar seus discípulos a imitá-lo. É por isso que eu só posso passar aquilo que tenho. É necessário que a identificação e a imitação ocorram, a priori, no processo de discipulado.
Temos vistos alguns que imitam seus discipuladores na forma de pregar, arar e de viver, isso é bom, porém o nosso padrão é Jesus, e o padrão é o primeiro a estar presente na vida do discipulador, já que o discípulo será seu imitador. Mas como saber se alguém já esta em maturidade espiritual? Para isso vamos falar o que é ser imaturo espiritualmente.
A imaturidade espiritual.
O crescimento espiritual é semelhante ao natural, assim como a maturidade espiritual. Paulo diz “quando era menino agia como menino, mas quando adulto deixou as coisas próprias de menino”. Diante disso, se faz necessário comparar algumas características próprias da criança com o espiritualmente imaturo, segundo a psicologia.
No falar
- Não consegue expressar adequadamente os conflitos interiores; se está com medo; tem febre e diarréia; se está ansioso, dói-lhe o estômago.
- Fala sempre o que lhe vem à cabeça, não pondera.
- É chantagista. Se não consegue o que quer fica emburrada.
- Fala de seus sonhos e fantasias como se fosse realidade.
No pensar
- Vive despreocupadamente, como se o amanhã não existisse.
- É extremamente egoísta. Pensa que o mundo existe por causa dela; tudo deve girar em torno dela.
- Não tem senso de limite. Tudo aquilo que pensa quer que seja realidade imediatamente.
- Possui pensamento mágico. Pensa que tudo pode acontecer num passe de mágica, como se não existisse esforço algum.
No sentir
- Não consegue dominar as próprias emoções.
- Não consegue se colocar no lugar do outro. Julga com muita facilidade.
- Não consegue fazer nada sozinha, sempre tem de ser acompanhada.
- Tudo que é novo e desafiante lhe causa medo, e entra em pânico.
- É extremamente preocupada com a opinião dos outros.
- É preocupada demasiadamente com o seu corpo.
- Não é capaz de dar sem receber algo em troca. Para ela, amar é trocar. É egoísta.
Como se pode observar, a imaturidade espiritual está relacionada com a natural, e em todas estas características e ego é o centro. Crescer espiritualmente é renunciar o próprio ego e seguir o caminho da cruz. Maturidade espiritual não é um lugar onde que eu devo alcançar, mas, sim, um processo no qual eu devo estar inserido. Não é um nível tão elevado que eu não preciso mais aprender, mas é estar sempre aberto a aprender com alguém.
Temos agora três fatos. Primeiro é que Jesus é o padrão, o segundo é que o discipulador deve ser o padrão para que seu discípulo o imite, e terceiro é que o princípio bíblico para a maturidade é a renuncia do ego, o Princípio da Cruz.
O padrão é Jesus – O processo da cruz é o princípio de Deus para nos levar á maturidade, para Deus tratar com o nosso ego segue certo padrão, uma ordem. Se falharmos em um aspecto, Deus vai repeti-lo até que sejamos aprovados. Na escola de Deus ninguém pula cartilha ou compra nota.
Em Jo 5.19 vemos Jesus testificando sua completa dependência do Pai – é o princípio da cruz em operação. Antes de avançarmos nesse entendimento, vamos observar melhor o que é negar a si mesmo.
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O negar a si mesmo não é a completa anulação da vontade. Isso seria impossível; trata-se de uma renúncia definida quando “minha” vontade quer seguir outra direção diferente da vontade de Deus. Significa que a vontade de Deus deve permanecer e não a minha própria.
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Negar a si mesmo não é se tornar um alienado. Muitos fogem da realidade recriminando, como se tudo estivesse errado e proibido, e criam uma nova filosofia que os leva à loucura. Isso, além de perigoso, constitui um sintoma de fuga neurótica; e Jesus nunca disse tal coisa.
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Negar a si mesmo não é vida de ascetismo. Não é se isolando de tudo e de todos que vamos fugir do pecado, isso torna a vida cristã uma dor constante, torna a vida um peso, dura de ser suportada. Sofrer gratuitamente, para merecer o favor de Deus, é uma teologia errada e não está coerente com a vida que Jesus viveu e ensinou.
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Finalmente, negar a si mesmo não é a perda do desejo. Quando o desejo se torna concupiscência, ele passa a ser pecado. Mas nós já estamos mortos para o pecado, e, portanto livre do seu domínio. Muitos desejos são lícitos como casar, ter filhos, ser próspero. Paulo abriu mão de se casar para pregar o evangelho e muitas vezes teremos que abrir mão de alguma coisa por amor a Jesus. Vejamos três ênfases de Jesus no negar a si mesmo.
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– diz respeito à minha necessidade de ser aceito. Não que eu não queira mais ser amado, mas eu não ficarei doente se isso não acontecer.
Minha Vontade – tomar a cruz nos fala de tornar a vontade de Deus em detrimento da minha. A cruz nos fala de abrir mão de direitos, de reconhecimentos, de oportunidades e assim por diante.
Questão dos bens – para muitos abrir mão dos bens é mais difícil do que abrir mão de si mesmo. O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e quando colocamos a vida financeira na frente da espiritual, isso se torna um problema para o nosso crescimento.
Aprender a se submeter – A primeira grande tensão na vida do discípulo é a autoridade. Sem dúvida, essa foi a primeira lição de Jesus, Ele aprendeu a obedecer e a primeira lição foi a submissão. Lucas 2:41-51 nos diz que Jesus não apenas obedecia a seus pais, mas se submetia a eles, mesmo que eles fossem limitados no entendimento. É muito fácil nos submetermos a que sabe mais do que nós, mas como é difícil ser submisso a quem sabe menos! Isso exige renúncia do orgulho, do desejo de ser reconhecido e da autopresunção. No processo do discipulado, essa é a primeira lição que se deve aprender. O discipulador deve confrontar o discípulo para que ele aprenda a submissão.
Ter um coração ensinável – Estar aberto a aprender com quem quer que seja é algo muito dolorido. Jesus foi batizado por João. Ele se colocou ao lado de pecadores para ser batizado, mesmo sem nunca ter pecado. Ter um coração ensinável é estar aberto para aprender, mesmo que isso muitas vezes seja extremamente constrangedor. Ninguém se diminui por ouvir e aprender algo com quem sabe menos.
Não agir no entendimento e esforço próprio – Não é função nossa criar métodos próprios, Jesus fazia o que Deus mandava. Somos construtores e devemos executar a planta que Deus planejou. O comando não me pertence, mas esta sobre o controle Divino.
Abrir mão do amor próprio – Aquilo que guardamos mais fundo em nós mesmos é o nosso amor próprio – o medo de sermos prejudicados, feridos, magoados e coisas assim, que nos apavoram muito. Pedro, ingenuamente incitou Jesus a ter dó de si mesmo não indo à cruz, mas teve uma resposta severa do mestre. É propósito de Deus que alcancemos o nível em que abramos mão da própria vida.
Rejeitar a glória humana – Jesus poderia ser coroado rei de Israel, mas Ele preferiu a vergonha da cruz porque esta era a vontade de Deus. Não pensemos que não foi tentador para Jesus aquela posição. No entanto, por conhecer a vontade do Pai, Ele não se deixou levar pela glória humana. Devemos abrir mão do desejo de sermos reconhecidos pelos homens e desejarmos sermos reconhecidos por Deus.
A completa obediência – O plano de Deus é que cheguemos como Jesus, à completa obediência. Deus não obrigou Jesus a ir para a cruz. No Getsêmane Jesus orou até saber a vontade de Deus. Quando Deus revelou que sua vontade era a cruz Ele se dirigiu para lá. O princípio da cruz não esta relacionado com a questão do pecado propriamente dito, mas com aquilo que mesmo não sendo pecaminoso, deve ser colocado em segundo plano.
Espírito de servo – “O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir”. Somos chamados para servir os santos, sem distinção, e isso implica em levarmos nosso interesse de sermos servidos à cruz. Nosso ego deseja que todos estejam à nossa disposição, a cada momento, e, de preferência, que nos tratem com toda atenção e educação. Mas, o Espírito Santo nos desafia a negarmos isso e fazermos aos outros, aquilo que esperávamos que fosse feito a nós. Devemos servir com um coração perfeito e isso só acontece se renunciarmos toda expectativa de retribuição à servidão. Toda expectativa de lucro deve ser renunciada. Só assim serviremos com alegria. O resto, o que vem depois disto, depende do Deus que nos vê em secreto.
Conclusão:
O alvo do discipulado é produzir muitos discípulos semelhantes a Jesus. O discipulador deve se constituir no padrão, para que o discípulo possa imitá-lo. Deve ficar claro que Jesus é a forma final. Eu, como discipulador, devo apenas alcançar antes, para depois levar outros até lá. Prosseguir sempre, estar no caminho é a tarefa do discípulo.
O discipulado deve ficar claro como um processo, tendo sempre uma visão clara e definida do lugar para onde queremos levar o discípulo. É o nosso alvo, no discipulado, o propósito de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Jesus.
Questionário:
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Qual o propósito eterno de Deus? Qual o projeto de Deus?
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Qual o modelo de Deus?
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Qual o método de Deus?
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O que é imaturidade espiritual?
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Em qual aspecto Jesus deve ser nosso exemplo? Descreva o que foi estudado.
Aula 2 - O padrão do discipulado
Parabéns, você chegou ao final de segunda aula. De agora em diante, você já estará percebendo a diferença de ser apenas simpatizante e ser discipulo de Jesus Cristo. Na próxima aula, você irá crescer ainda mais. Aproveite esse tempo para influenciar outras pessoas a fazer estas aulas, assim você já estará praticando o que está aprendendo! Continue firme e comece a orar para o Senhor te mostrar pessoas para você discipular. Eu acredito em você! Pastor Marcos Rondon.