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CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS

 

O melhor ensino que já encontrei sobre a questão das primícias foi no livro “Quando Deus é Primeiro” (editado em português pela Willën Books) do pastor Mike Hayes. A sua leitura ampliou o meu horizonte acerca das primícias, e eu o recomendo de coração. Ele me abriu os olhos para o que foi de fato o pecado cometido por Acã em Jericó.

 

Jericó era a primeira cidade a ser conquistada em Canaã. Portanto, de acordo com a Lei das Primícias, o despojo de guerra não era deles, e sim do Senhor:

 

“Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais. Porém toda prata, e ouro, e utensílios de bronze e de ferro são consagrados ao Senhor; irão para o seu tesouro.” (Js 6.18,19)

 

Os israelitas estavam proibidos de se apropriarem de qualquer coisa em Jericó. Os tesouros deveriam ir para o Templo, e as demais coisas (chamadas de coisas condenadas) deveriam ser destruídas.

 

A Concordância de Strong mostra que a palavra hebraica traduzida aqui como “condenadas” é “cherem”, que significa: “uma coisa devotada, uma coisa dedicada, proibição, devoção, algo que foi completamente destruído ou designado para destruição total”. Ela tem como raiz a palavra hebraica “charam”, que por sua vez quer dizer: “consagrar, devotar, dedicar para destruição”.

 

Algumas traduções bíblicas, como a Versão Corrigida de Almeida, traduzem esta palavra como “anátema”, dando a entender que a razão pela qual os bens de Jericó não poderiam ser possuídos era o fato de serem amaldiçoados. A definição bíblica, no entanto, era a de algo consagrado à destruição. Isto poderia trazer maldição, pela quebra de um princípio, mas não era uma coisa maldita em si mesma. Assim como o primogênito da jumenta, que não podia ser sacrificado e tinha que ser resgatado ou desnucado, assim também Deus especificou o que Ele queria que fosse dedicado a Ele e o que Ele queria que fosse destruído. O importante não era a descoberta de um uso para aquelas coisas, e sim não tocar no que era sagrado: as primícias do Senhor. E o exército de Israel obedeceu a ordem que lhes foi dada:

 

“Porém a cidade e tudo quanto havia nela, queimaram-no; tão-somente a prata, o ouro e os utensílios de bronze e de ferro deram para o tesouro da Casa do Senhor.” (Js 6.24)

 

Um soldado, no entanto, desobedeceu a ordem que o Senhor havia dado:

 

“Prevaricaram os filhos de Israel nas coisas condenadas; porque Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zera, da tribo de Judá, tomou das coisas condenadas. A ira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel.” (Js 7.1)

 

A consequência da quebra deste princípio foi que a bênção para as demais conquistas foi retirada de sobre Israel. Eles foram derrotados na próxima batalha, que exigia muito pouco deles, pois a Lei das Primícias não havia sido obedecida.

 

Quando santificamos as primícias de alguma coisa ao Senhor, também santificamos o restante daquilo de que foi tirada. Portanto, inversamente, quando roubamos a Deus nos primeiros frutos, também perdemos a Sua bênção no restante!

 

Este princípio funciona em todas as áreas. Ao separarmos um tempo pela manhã para buscarmos a Deus e oferecermos em nosso devocional as primícias do nosso dia, também estamos santificando o seu restante ao Senhor. Quando separamos as primícias da nossa renda, também estamos santificando o restante da nossa renda a Deus!

 

O PRIMEIRO DIA

 

“Disse mais Jeová a Moisés: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra que eu vos hei de dar, e comerdes as suas searas, trareis ao sacerdote um molho das primícias da vossa seara. Ele moverá o molho diante de Jeová, para que seja aceito a vosso favor; no dia depois do sábado o moverá.” (Lv 23.9-11 – Tradução Brasileira)

 

A entrega do molho das primícias ao sacerdote tinha um dia certo para ser feita. A Tradução Brasileira diz: “no dia depois do sábado”. A Versão Atualizada de Almeida usa o termo “no dia imediato ao sábado”, e a Versão Corrigida de Almeida diz: “ao seguinte dia do sábado”.

 

Todas estas frases são claras e apontam para um dia certo: o domingo. Não creio que este princípio santifique o domingo, como o fazia com o sábado no Antigo Testamento, mas ele revela que a entrega dos primeiros frutos deve ser feita no primeiro dia da semana.

 

Por que é importante observarmos isto? Porque temos que dimensionar qual é a aplicação prática da simbologia deste princípio hoje. E, referindo-se à simbologia da Lei das Primícias, o apóstolo Paulo declara aos coríntios um fato importante acerca da ressurreição de Jesus:

 

“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.” (1 Co 15.20)

 

A ressurreição de Jesus Cristo é vista como um cumprimento da tipologia das primícias, e aconteceu no dia depois do sábado (Mt 28.1).

 

Porém, cinquenta dias depois desta oferta de primícias, era necessário que uma nova celebração fosse feita ao Senhor, a qual também caía num domingo, depois de sete sábados da entrega da primeira oferta de primícias.

 

“Depois, para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então, oferecereis nova oferta de manjares ao Senhor.” (Lv 23.15,16 – ARC)

 

Este era o significado da Festa de “Pentecostes” (que significa “cinquenta”), a qual era celebrada cinquenta dias depois da entrega dos primeiros frutos. Esta festa, mesmo sendo celebrada depois de sete semanas, ainda era uma extensão da festa das primícias (Lv 23.17). E isto também aparece no cumprimento da tipologia do Antigo Testamento no Novo Testamento:

 

“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.” (At 2.1-4)

 

A Igreja recebeu o selo da aprovação divina numa festa que era uma extensão da celebração das primícias. Esta é a razão pela qual também passamos a ser chamados de primícias para o Senhor.

 

“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.” (Tg 1.18)

 

Portanto, a aplicação da Lei das Primícias não é somente financeira, ou literal, mas também simbólica, pois somos chamados de “primícias”.

 

E qual é a relação que o Novo Testamento faz entre as nossas contribuições e esta figura?

 

Paulo escreveu aos coríntios, fazendo uma destas aplicações simbólicas quanto às ofertas:

 

“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.” (1 Co 16.1,2)

 

A orientação apostólica do dia específico para esta contribuição continua sendo o dia seguinte ao sábado: o domingo. Parece-me que a idéia das primícias abordada no Novo Testamento não se prende tanto ao fato de ser o ganho do primeiro dia ou o primeiro décimo da renda que está sendo entregue. O que precisa ser destacado é que eles separavam a parte de Deus no primeiro dia da semana. Ou seja, eles a entregavam em caráter de primazia.O que aprendemos com isto é que não importa tanto se é o ganho do primeiro dia dado à parte, ou se são os dízimos e ofertas entregues em caráter de primazia.

 

O mais importante é darmos primeiro a parte de Deus, antes de gastarmos com as outras coisas. Ao falar sobre a entrega das primícias, o Senhor instruiu claramente aos israelitas:

 

“Não comereis pão, nem trigo torrado, nem espigas verdes, até ao dia em que trouxerdes a oferta ao vosso Deus; é estatuto perpétuo por vossas gerações, em todas as vossas moradas.” (Lv 23.14)

 

Ninguém comia do fruto do seu trabalho antes de entregar os primeiros frutos ao Senhor. Creio que os dízimos e as ofertas devem ser o item “número um” no plano de contas do nosso orçamento. Além de ser dados primeiro, eles devem refletir o fato de que Deus vem em primeiro lugar. Este é o ponto mais importante. Por outro lado, ofertar o ganho do primeiro dia do mês também pode ser uma forma de se observar esta lei bíblica. Quando honramos ao Senhor com as primícias da nossa renda, Ele também nos honra em nossas finanças. Por outro lado, quando pensamos somente em nós mesmos, e não nos preocupamos com as coisas do Senhor, também ferimos a Sua primazia e perdemos as Suas bênçãos.

 

É o que ocorreu nos dias de Ageu, quando ele profetizou que o povo israelita só se preocupava com as suas casas, enquanto a Casa do Senhor estava em ruínas. E justamente por colocarem-se a si mesmos em primeiro lugar e deixarem a Deus por último é que eles perderam as bênçãos divinas.

 

 

(extraído do livro “Honrando ao Senhor Com Nossos Bens”)- - - – - – - – - – - – - – - – - – - -Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.

II - Continuação do Estudo Culto de Primícias

Allan Marcel 

30 anos

" Jesus Cristo é a melhor coisa que já experimentei".

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